História
Proveniente da Alemanha, este cão foi desenvolvido por Louis Doberman, no estado de Thüringen, nos finais do séc. XIX. O seu criador era um cobrador de impostos e, talvez por esse motivo, quisesse um cão feroz, ágil e bravo que o ajudasse na sua ingrata tarefa e o protegesse dos ladrões. Também se diz que estava legalmente instituído para apanhar cães vadios, tarefa que desenvolvia em regime de part-time.
Sabe-se que o Louis Dobermann utilizou diferentes raças para edificar a estirpe que havia idealizado. Todavia, não existem registos dos cruzamentos que efetuou, pelo que hoje, a ascendência dos Dobermans é incerta, restando-nos apenas várias sugestões de autores. Alguns consideram que nele está presente a agressividade do Pinscher Alemão, a resistência do Rottweiler e alguns aspectos da sua aparência do Manchester Terrier. Outros, porém, enunciam o Pastor de Beauceron, que é um cão fisicamente robusto e muito observador. Por fim, existe a teoria que Louis cruzou os chamados “cães carniceiros” (cães do tipo primitivo) com um cão pastor preto com manchas castanhas que existia em Thüringen.
Em 1876, o Doberman participa pela primeira vez numa exposição do género e a sua presença determinada facilmente conquistarou o público presente. Em 1894, o mentor desta estirpe faleceu e o desenvolvimento da linhagem ficou sob a responsabilidade de dois criadores: Goswin Tischler e Otto Göller
Pensa-se que este último conseguiu apurar melhor a silhueta do Doberman, introduzindo na sua linhagem sangue de Greyhound e Greyhound Inglês. Para além disso, foi ainda o fundador do Clube Nacional Alemão do Pincsher Doberman, em 1899. No ano seguinte, é publicado o standard da raça que obtém, simultaneamente, o reconhecimento oficial do Kennel Club alemão.
Em 1908 os Doberman chegam aos EUA, onde a sua criação e desenvolvimento começaram a angariar cada vez mais entusiastas. Em 1921, é fundado o Dobermann Pinscher Club of America que irá, no ano seguinte, adotar o standard alemão.
Com o evento da I Guerra Mundial, esta estirpe viu ser drasticamente diminuído o número de exemplares em solo americano, em parte, por motivo de abandono e morte. Porém, muitos destes cães foram utilizados na guerra e pela polícia, o que continuou a estimular a sua criação, ao contrário de outras raças que foram ameaçadas com o perigo de extinção. A sua utilização pela polícia, conferiu-lhe a alcunha de Gendarme Dog. O seu olfato apurado, articulado com a sua perspicácia, revelaram-no muito útil na perseguição de rastos. Foram igualmente utilizados na caça onde ajudavam a controlar pragas de animais.
Curiosamente, até meados de 1937 vários juizes alemães eram frequentemente convidados a participar nas exposições caninas, já que a sua experiência nesta raça constituía uma mais valia para os novos criadores que constantemente surgiam interessados nesta estirpe.
Na Grã-Bretanha, o seu desenvolvimento foi mais tardio, tendo-se verificado a introdução da raça apenas em 1947. No ano seguinte, foi formado o Clube do Pinscher Alemão da Grã-Bretanha. Este foi um passo fundamental para que viesse a ser reconhecida pelo Kennel Club da Grã-Bretanha, em 1948, que lhe atribuiu os Challenge Certificates, em 1952. Em 1957, foi reconhecido oficial pela Federação Cinológica Internacional.
Em Portugal esta raça está representada, entre outras, pelo Clube Português do Dobermann e pela Associação Dobermann de Portugal (constituída em 1984 e filiada no Clube Português de Canicultura, Federação Cinológica Internacional e no Dobermann Clube Internacional).
A partir dos anos 60 e 70, a expansão desta estirpe efetua-se de forma notável, tendo atingido praticamente todos os continentes. Tal evolução teve, porém, uma faceta menos positiva, já que o excesso de procura levou a que muitos criadores não preservassem o aspecto qualitativo da raça, que foi pontuada por alguns acidentes que se tornaram públicos, por manifestarem graves desvios de comportamento.
O clube alemão atuou nesta altura, alterando o texto do padrão internacional aconselhando que o cão possua um nível aceitável de excitação médio e enfatizando as inúmeras características deste canídeo. Essas características que fazem do Doberman um cão de guarda de primeira classe e um companheiro devoto, brindado com um gentil coração.
Descrição
O Doberman é um cão de tamanho médio, cujo altura na cernelha varia nos machos entre os 65 e os 70 cm e nas fêmeas entre os 60 e os 65 cm. O peso oscila entre os 40 e os 45 Kg, nos machos e, nas fêmeas, entre os 32 a 25 Kg.
A pelagem é curta, áspera e densa e desprovida de sub-pêlo. As cores permitidas são negro ou castanho, com marcas cor de fogo limpas e bem delimitadas. Estas últimas encontram-se no focinho, em cada bochecha e no topo das sobrancelhas, na garganta, no ante-peito, nos metacarpos, metatarsos e pés, na parte interna das coxas, nos membros e por baixo da cauda.
A cabeça é forte, dotada com músculos visíveis e proporcional ao corpo. O topo do crânio é achatado e a linha do chanfro estende-se quase direita para a linha superior do crânio que desce, ligeiramente arredondado, até à linha do pescoço. O stop é discreto mas desenvolvido. O focinho apresenta-se bem desenvolvido e é profundo, dotado com narinas largas. A mordida em tesoura é forte. Os olhos amendoados são mais claros que a pelagem e são de tamanho médio. As orelhas pequenas são de inserção alta, uma vezes naturalmente espetadas, outras vezes cortadas.
O corpo quadrado revela uma constituição física robusta. A sua silhueta delineada e o seu porte altivo fazem dele um óptimo cão de exposição. O pescoço é delgado, seco, alto e bem arqueado e o peito é moderadamente largo e profundo. O lombo é curto, firme e musculoso e a garupa é larga e desce ligeiramente. As costelas são grandes e atingem o nível do joelho. Os membros dianteiros são quase retos e perpendiculares e possuem uma forte estrutura óssea. Os membros traseiros possuem coxas vigorosas. Os pés são redondos e compactos e a cauda pode ser amputada (até duas vértebras) ou não.
Temperamento
O Doberman é um cão com uma personalidade muito forte, que tem a vantagem de ser bastante inteligente, o que permite que seja educado. É claro que a má educação (“categoria” na qual está incluída a estimulação da agressividade) faz com que este animal possa vir a desenvolver aspectos menos positivos na sua personalidade.
O Doberman é um companheiro bastante leal, devoto e fiel ao seu dono. Possui um apurado instinto de proteção do seu território e não necessita de ser treinado como cão de guarda, porque já o é naturalmente. Todavia, convém que seja habituado desde pequeno a estar perante presenças estranhas, por forma a que cresça de uma forma saudável sem se tornar excessivamente defensivo.
Muitos autores aconselham que lhe seja administrado um treino de obediência, outros porém, salientam que basta que ele seja educado de forma firme e contínua, para que todas as suas boas qualidades superem eventuais aspectos negativos. É importante sublinhar, que estes cães são muito inteligentes, pelo que, basta que o dono não tenha experiência, ou não seja “dominante”, para facilmente manipularem as situações.
Um dos pontos-chave da sua formação passa pelo seu total acolhimento no seio familiar, já que aprecia o carinho da família e não lida nada bem com a solidão. Se assim for, ele revelar-se-á um companheiro sempre atento e presente, muito dócil e gentil. São animais sensíveis que exigem a atenção do dono, nem que para isso tenham de manipular uma forma para se fazerem notar. Diz-se que o comportamento entre machos e fêmeas varia e que estas são mais afetuosas e ligadas à família, no entanto as variáveis genéticas e a educação é que determinam a sua personalidade.
Como cães de guarda são corajosos, determinados e cheios de força. São igualmente versáteis e energéticos, podendo desempenhar variadas tarefas desde cães terapia, cães de guarda, cães de salvamento e trabalho militar.
Saúde e Higiene
O Doberman tem uma esperança média de vida de 12 anos de idade, aproximadamente. Existem registos de problemas de origem genética de que são exemplo a cardiomiopatia, o hipotireoidismo, a atrofia progressiva da retina, torção gástrica e a doença de “Von Willebrand”. É muito importante que se escolha corretamente o criador, por forma a assegurar que a sua linhagem não apresenta registos destas doenças.
A sua pelagem deve ser escovada duas a três vezes por semana, mas o exercício físico deve ser diário. Correr, caminhar, jogar são atividades que adorará desempenhar com o seu dono.
Os Doberman não devem viver fora de casa. Estes animais sofrem com o frio e detestam a solidão.